maio 20, 2008

A chuva. Lira II.

Lira II

Sinto a tristeza encher o ambiente
Com seu vento gélido e sufocante,
É como se faltasse calor da gente,
É como se não houvesse coração,
As batidas seriam perdidas no som,
E o ambiente triste e de ilusão,
Seria apenas mais um típico lugar bom
Onde não existiria nenhum amante.

A janela continua embaçada.
Tudo continua embaçado e sem vida,
A tristeza continua abafada
Nas conjunturas dos que estão perdidos,
Os maus augúrios avisam da sorte
E dos sentimentos que estão proibidos,
E avisam aos - sob pena de morte -
Tristes: cure cada qual sua ferida.

O olho foca o horizonte ao longe,
Como se buscasse lá seu tesouro,
E como que - em pensamento - um monge,
Medita com o infinito azulado,
Onde as gotas provocam um sentimento,
Uma sensação de estar abandonado,
Mas é apenas a chuva em seu contento,
Reluzindo em sua chegada, qual ouro.

Sopra o vento gélido, que junto chega,
E já abastece de devassidão o ambiente,
Nas bastasse o corsário que só alega,
Em sua confusão, que tudo está em perdição,
O vento sussurra, para dentro das almas,
Uma dor pesada, como se fosse uma maldição,
Para que todos, para além de suas palmas,
Carreguem o pesar de estar demasiado contente.

A chuva inunda todo o escuro chão.
As flores orvalhadas transbordam beleza!
Tudo se transforma, em vão,
Paradoxalmente em alegria e felicidade,
As flores {que flores} sorriem,
Exalando olências da sua faustividade,
A chuva diz: que todos porfiem,
Pois aqui onde rego só há estranheza.

Nenhum comentário: