fevereiro 24, 2015

Céu-Inferno

Vejo-te longe, e incompleto estou.
Julgo-me insensível, perecível,
sem cantos, sem prantos, risível,
amargando fel do que se esgotou.

Todo o pranto que me governa,
constitui em mim assaz desalento,
pois se distancio do tormento,
perco de vista a minha lanterna.

Se vejo-te perto, sinto-me deserto.
Eis que meu fado descontente,
é pospor meu sentimento latente,

reconhecendo, quiçá boquiaberto,
que viverei a dualidade cadente
desse céu-inferno demais incerto.