agosto 26, 2008

Mais um João.

Sou tudo, quando há resto,
Uma mente aberta, um mundo,
Um certo alguém, um moribundo,
Um homem e sei que presto.

Quando tudo mais é perdido,
Sou a chama que alivia a dor,
Aquele a quem chamam amor,
A quem chamam de atrevido.

Há quem diga que sou eterno,
Um solstício de verão,
Tão quente como o inferno,

Que queima o negro sertão,
Nas frias noites de inverno...
Mas sou apenas mais um joão.

agosto 19, 2008

Garoto de Aluguel

Oh! Mulher sinuosa e bela,
Eu podiria amar-te, como Rei,
Cavalgando, como calvalguei,
em vosso império de donzela.

Oh! Mulher adorável e triste,
teu corpo consumiu o meu,
Naquele momento que fui teu,
e vos nos meus olhos paixão viste.

Oh! Mulher de suave brancura,
No leito impuro únicos seremos.
Na chama quente o corpo queimaremos

de paixão, de amor, de loucura...
Oh! mulher da vida, da vida minha
Vista-se já é hora de estar sozinha.

Beijos de saudade

Oh! sereno vento que no céu é feito,
e que em meus aposentos me acalma
faça um favor a esta pobre alma
que não descança sobre este leito.

Socorre este homem que vive perdido...
Procure sua amada que vaga na vida
e lhe entregue, onde estiver acolhida,
os versos que há tempo anda esquecido.

Por este vento de pura ingenuidade,
Qual foi confidente de amor, mandei
meus beijos secretos de paixão e lealdade...

Para que guardes, amor, como guardei
os teus lábios molhados de saudade...
Nos beijos de amor que lhe agora enviei.

agosto 18, 2008

Aquele beijo.

Te calas agora, enquanto lhe vejo...
Cala-te, que teus lábios mais me falam,
Quando (como as flores que exalam
seu amor às abelhas) no mais puro desejo.

Cala-te que a união fala em nome teu...
E fala do aroma da paixão na boca vossa
quando me suga sentimento do lábio meu,
forjando, em quente forno, alma nossa.

Cala-te que ouço vosso coração chamar-me!
Cala-te que tua boca me chama todo o desejo,
E corro aos teus lábios, que vão calar-me

E em vão eles falam as juras, que jura o pejo
Falando, em alta voz, enleios a torturar-me:
Doces os lábios que me beijam, e eu não beijo.

Calçada da vida.

Ando pela calçada que transpassa
nua, por toda minha saudade.
E cada passo que nela passa
Passará para a Eternidade!

Como um canto de beija-flor,
perdido no bosque da vida!
Naquele prado, de parda cor
que dava para a rua esquecida.

Atravesso o percurso sorridente
sem medo; Só e alegremente.
A vida para traz vai ficando

na calçada, desenhada e perdida
que é de lembranças preenchida,
que no horizonte se vai guardando.

agosto 06, 2008

Novamente

Vi nos olhos mórbidos da morte
Minha algia, temerária, escondida.
Quando solitária me partia a vida
Esquecida nos esquadros da sorte.

Dei-lha alma minha alva e perdida
Por um renascer lívido e violento...
Esperança, que carente de portento,
Se bem-aventurava quieta e atrevida.

O sol renasceu, após o entardecer...
Quando o escuro céu partia
A destruição se foi e ninguém via

Lagrimas no céu, só um bem-querer,
Uma vontade de liberdade! Uma tardia
Expectativa de o mundo renascer.