março 29, 2021

A partida

Eis que a primeira partiu
e ninguém chorou a dimensão
daquele ato isolado e bufão
que inaugurou e sumiu!

Eis que dez mil partiram
e poucos e poucos e poucos
sentiram a dor dos outros
Poucos, bem poucos sentiram.

Eis que cem mil amargaram
e alguns ousaram inconstância 
enquanto pairava ignorância...
e incompetências reinavam!

Eis que trezentos apagaram
trezentos mil... “paciência”
“Deus é quem dará a regência”
No terceiro dia, só abafaram!

Eis que então alguém gritou
e no alto de sua pura razão
mirou o genocídio do capitão
que ria do barco que virou!

Dessa forma nasceu a tragédia,
Num dia claro, de noite quente 
num dia amargo pra toda gente
Sem recado e sem comédia!

No fim, um partiu, e partiram!
Se partiram e partiram o céu,
e durante a noite fria de Abel
ninguém agiu e todos morreram.

No terceiro dia

Ninguém prometeu salvação,
nem privou a vida dos infiéis,
enquanto ruía o céu em papéis
de consolo, dor e lamentação.

As valas sendo plantadas
em árvores de futurologia
e  ninguém mais respondia
às vidas caídas e passadas!

Quem não esperou o terceiro
Ou, quem sabe, o sétimo dia,
Ou o sétimo selo, ou coveiro...

Ou astros da nova picardia
das suposições metafísicas
das invenções metaquânticas.