junho 22, 2008

Porta para o lado colorido.

Inocência em riso brando esculpido...
Amor em peito quente abrasado,
Um teto de luz clara iluminado,
Um contente beijo em face despido.

Infantes descalços correndo sem destino...
Cores em matizes pelas frestas visualizadas,
Campos arborizados, risos e mais risadas,
Um mundo perfeito sem medo, sem desatino.

A porta aberta... Uma janela... Um coração...
Uma mulher, que na cores pensava,
Sorria alegremente, enquanto entrava.

- Mãe, deixaram a porta abrido...
Percebeu a mulher, num riso, então
Aquela era a Porta para o lado colorido...

junho 21, 2008

Canção para o meu tormento

Hoje o céu está triste,
Hoje o chão é incolor,
Hoje a solidão persiste,
Hoje o mundo é de isopor...

Há no peito uma canção...
De tormento, amor...
Versos tristes, solidão...
Muitas lágrimas e dor..

Canção pro meu tormento,
Canção pra minha dor,
Canção pro sofrimento,
Canção pro desamor...

Não há flores no jardim,
Nunca houve plantação...
Não há nada dentro de mim...
Nem mesmo um coração...

Cante comigo agora...
O tormento em canção,
E enquanto você chora,
Vou falar da ilusão...

Vou cantar meu tormento
Meu tormento em canção.
Vou falar de sofrimento...
De mágoa, dor e ilusão...

Grite comigo agora...
O tormento é canção,
E enquanto você ora,
Vou escutar a solidão...

Vou contar o meu tormento
Meu tormento em canção.
Vou falar de sofrimento...
De remorso, medo e aflição...

junho 17, 2008

"Vambora"

Enquanto alguém canta uma canção,
Um outro alguém, triste e solitário,
Ouve-a respeitando a consternação,
Que a voz emite ao ouvido sectário.

O bom ouvinte, enquanto chora,
Anota, com lágrimas, a letra sofrida:
“Entre por essa porta agora, e diga que me adora
Você tem meia hora, pra mudar a minha vida”

Um ensaio melancólico brota no pensamento,
Sob a forma de um triste e triste soneto.
O tristonho começa com lágrimas o quarteto,
Que com a música personifica seu sofrimento...

O instrumento continua tocando a harmonia...
Ao som dele, o combalido homem seu verso dita...
E num extremo de amargura e cacofonia,
Exprime sua dor nos versos, pobre versos que recita:


Ouvindo a música tilintar ao vento,
As notas molhadas voam sem destino...
Voam... E voam... E soam como sino!
Na alma ressoando o descontentamento.

Umas vozes suaves, doces e magoadas,
Canta com dor as lembranças perdidas...
Canta querida, canta... dizem aluadas,
As estrelas que já choram feridas.

As lágrimas caem em forma de chuva fina...
E aquela voz ainda ressoa no coração,
Com ela uma dor tremenda, desatina...

A voz, numa mórbida tibieza, diz: É hora!
Alguém canta “vambora”, como que oração...
Enquanto o peito dói e a voz melancólica adora.

junho 12, 2008

Em algum lugar...

Em algum lugar do mundo...
O sol é, pois, mais fulgente,
Alumia o céu do moribundo,
Alumia a estrada decadente.

Em algum lugar do mundo...
Há felicidade em demasia,
Sorriso do mais profundo,
Sorriso e alegria e alegria!

Em algum lugar do mundo...
Há pessoas benevolentes,
Ajudando o mais imundo...
Ajudando aos descontentes!

Em algum lugar do universo...
O amor importa a toda gente!
Lugar onde o amar é diverso,
Lugar onde o amar é valente.

Em algum lugar do universo...
Canta a lua seu sóbrio desejo.
Cântico em lira e em verso,
Cântico para esconder o pejo.

Em algum lugar do além-astro...
Esconde-se o eterno segredo,
É, pois, lá o solo de alabastro!
É, pois, lá o mundo mais ledo.

Companhia

Lábios vermelhos como o sol nascente,
Casto rosto e pueril da linda donzela...
Que de tão bela, a lua nova crescente,
Regozijava de loucura em conhecê-la.

De uma terrível, e felizmente rara,
Noite de insônia, nasceu o púrpuro prazer...
O prazer puro, como a alma pura e cara,
Da donzela, cujo lábio é motivo do fenecer.

Tanto busquei companhia, qual não tinha,
Que nos lábios escarlates da donzela,
Achei soro da vida que carece a veia minha,

Encontrei o antídoto e o veneno pro sofrimento,
Naquela boca vermelha e casta e bela,
Naqueles beijos que não tive, naquele tormento.

junho 10, 2008

Amor Virtual

Que me diria do Virtual Amor?
Aparenta prazer lascivo sensual?
Um cingir na pele, um ardor...
Uma frieza? Um beijar não labial?

Que é amor? Que é? Amor? Amar?
Significa uma vida para muitos,
A outros, mera ilusão, mero sonhar!
Que é amor? Que é? Amor? Frutos?

Amor virtual... Engraçado amor,
É tão vulnerável... Uma imagem,
Que na mente cresce sem cor...

Um sentimento, uma ligeira paixão?
AMOR? Virtual! Intangível passagem...
Uma solitária viagem, uma abstração.

junho 03, 2008

O amor se foi, e deixou-me a cicatriz

Quando queimado fui de amor,
Dançei o alto som da glória,
Rasguei minha funesta memória,
Por achar-me em feliz dispor.

Hei lembrar-me daquela ventura...
Onde no lago azul nadava o riso,
Nas estrelas encontrava o piso,
Nos lábios escarlates a ternura.

Perdi-me nos doces lábios da paixão.
Do funesto destino fui eu aprendiz.
Meu mestre tempo me mostrou solidão...

Eu mostrei-lho lágrimas e disse infeliz:
Eu muito amei e agora sinto a devassidão.
Pois, amor se foi e deixou-me a cicatriz.