fevereiro 28, 2008

Discurso sobre a saudade!

Já muito me disseram sobre a saudade.
E muito já ouvi sobre o esquecimento?
Para mim é tudo uma viva suavidade,
e é uma chama rubra em sentimento.

Longe, tudo que passa é um tormento,
lagos azuis sem passaros a cantar,
é o sol sem brilho, noite sem luar
é querer sem poder, sem intento.

Nos vales da distância e da tristeza
quiseram suprimir o sol de outrora,
e tudo mais que um dia foi beleza,

que ainda é neste instante, agora,
saudade, engenhozidade, proeza...
em mim, desde que fostes embora.

fevereiro 17, 2008

Castigo

Se de vida vejo apenas estreita separação,
corpos e almas em desespero repentino,
caminhos vagos num mar de desatinho,
um céu sem estrelas num canto sem duração.

Flores desbotadas sob um chão sem cor,
dias sem sol, e sol sem nenhum trovão.
Noites frias, esquecidas pela escuridão,
rosto pálido, olho ofuscado pela dor.

É tudo que passa um sordido tormento,
um quê tristeza que machuca o coração,
é um tal barulho que se faz pensamento,

uma vida vazia regada por uma maldição.
São fatos recordados pelo esquecimento,
são castigos do amor em plena superação.

fevereiro 16, 2008

Anjo Triste. Parte I

Ó anjo triste, tiraram-te as asas ao nascer
e deram-te pés para que aprendesse andar,
e no singelo corpo humano, a sorrir e cantar,
tornasse-se um ser-deus, a viver e padecer.

Nascido sem asas ao relento escondia a tibieza,
vivia a mercê de seu destino cruel e medonho,
o mundo foi-te como um pesadelo num sonho,
que dava-te os ares mais quentes d'uma frieza.

Aprendera, triste anjo, a ser um humano alado,
Aprendera a voar sem asas e também sem vento,
Aprendera que a tristeza é para se sofrer calado,

Aprendera que para se viver depende de intento,
Aprendera que tudo é um dia, e um dia é um fado,
Aprendera, por fim, que a vida humana é sofrimento.

Amar é...

[Mote]
Amar é... o caminho irreversível para ilusão;
Amar é... esquecer, lembrando só daquela;
Amar é... durmir a pensar nos olhos dela;
Amar é... viver sem ter vivido uma só razão...

[Poema]
Quem de amor não perde os laços e a razão,
deixando-se levar ao longe onde o mundo acabe,
de olhos fechados, pensando, pois diz e sabe:
Amar é... o caminho irreversível para ilusão;

Envolto em chamas, que em mil anos ainda gela,
e através dos caminhos longos e desventurados,
só escuta sons de vozes que cantam abafados:
Amar é... esquecer, lembrando só daquela;

E nos descasos do destino que alma ao amor atrela,
dorme, e em sonho esqueçe os temores que lhe esteia,
vendo um mar de rosas que desenham junto a areia:
Amar é... durmir a pensar nos olhos dela;

Mas se de saudoso sentimento tudo lhe é emoção,
tudo é vida, tudo é sorte, neste ambiente a surtar,
não se cala e envolve-se a alma num furor a gritar:
Amar é... viver sem ter vivido uma só razão...

O que é...

Se me perguntar, a esmo, o que é amor,
não responder-lhe-ia isto rapidamente,
deixaria no peito brotar aquela semente,
para sentir, primeiro, o que chamam dor.

Se me perguntar, a esmo, o que é saudade,
pensaria no mundo onde habita ilusão,
No horizonte onde existe medo e solidão,
para sentir, primeiro, o que chamam verdade.

Mas se me pergutar, a esmo, o que é vida,
responder-lhe-ei, desde já, que é sofrimento,
Um palor no peito um tal descontentamento,

Que mata, maltrata e que crava ferida,
No peito deste ser inepto e truão,
que vive a mercê do mundo da imensidão.

Crepúsculo

Do que foi escuro se fez alto e claro,
Raios em torrentes d'uma imensidão,
Das brisas gélidas se fez agitação,
Do que se foi escondido agora é raro.

Em amalgamento de cores se fez beleza,
Nas matizes eufóricas d'um verão aturdido,
No inverno o sentimento era confundido,
Entre a calmaria do palor e da estranheza.

E no horizonte se via o paradoxo natural,
A vida perder seus dias, perder sua cor,
Numa esfera de desejo alanranjado fulgural,

Num quê de tormento azul e sem calor,
No complexo do ínicio e do fim escultural,
Que o crepúsculo dava ao dia sem sabor.

Forever Lucy

Quando em teus puros olhos marejados,
Vi o mar raso em profundo céu aberto;
Esqueci-me do prepício e do deserto,
onde encontrei os mais belos anjos alados.

Em forma femina encontrei um deus supremo,
que de coração tinha alma ingênua e forte;
De amor move sempre a alma do sul ao norte,
E vive a oferecer um sorriso de brilho extremo.

Em forma angelical encontrei a pura beleza,
palavras doces e sensibilidade surrealista;
encontrei o dedo de Deus em nobre alteza,

E em nobre alteza não pude encontrar vista.
Contudo, nunca haverei de encontrar frieza,
neste ser que quanto mais tem, mais conquista.

Loucuras de Amor

Não quero de ti apenas lembranças,
tampouco um suspirou ousado e breve.
Não espero que sejas sofrimento leve,
nem que seja mais outras andanças!

Não retribua nada que lhe digo,
seja como és e me veja como sou,
dá-me todo sentimento que lhe dou,
e não me trate como um amigo!

E ainda que nunca me diga: te amo!
E ainda que nunca me diga: te quero!
Por todo tempo do mundo direi: espero!
Por todo tempo do mundo direi: Conclamo!

E ainda que me diga: me esqueça,
E ainda que me diga: nunca mais,
Ao mundo gritarei: te amo, demais
Ao mundo gritarei: Não sai da cabeça!

Delírios

Em meio a névoa putrida e amável,
o sol brilhava sua luz fiel de beleza,
as núvens pairavam numa tristeza,
onde o andar sutil era inda adorável.

Viamos flores secas e jardins quebrados,
Pedaços de corações por toda a parte.
Viamos aves pousando para toda arte,
e restos de vida como cacos reparados.

Uma imensidão, um azul de estranha frieza,
Cores desbotadas e návios naufragados,
Era tudo que um dia foi posto pela sutileza,

Sentimentos de amor... solitários e afundados,
Num universo de paixão e agora tibieza...
Eram outros delírios em mente aprisionados.

Sou, Fui, Serei...

Sou de mim as caixas vazias e sem valor,
Sou aquilo que se não lembra na vida,
Sou tempo, disperdício e o vil rubor...
Sou o resto de nada e o fim da partida.

Fui completamente tudo que não sei ser,
Fui herói de brinquedo e um estranho truão,
Fui o Rei dos impérios esquecidos do prazer,
Fui também o bobo da corte no abismo ilusão.

Sou o que não querem que ninguém vivo seja,
Sou a estreita ligação entra a vida e a morte,
Fui ainda mais que qualquer outro vivo deseja,

Fui o desespero no barco afundado da sorte,
Serei o que todos temem e que ninguém almeja,
Serei o pó e o segredo da vida calado e forte.

Sou

Sou poesia, mas nela não me faço ser,
Sou tolo, sou amante, sou amigo,sou...
Sou aquilo que no sangue quente suou...
Sou tudo e nada, sou desgosto e sou prazer!

Sou um arrebol fervoroso e a chuva fria,
Sou criação e sou também um criador,
Sou mestre e sou um vil desbravador,
Sou uma tal tristeza que se enche de alegria.

Sou a torre norte e as infinitas constelações,
Sou gêmeo de mim e amante da morte,
Sou o guerreiro escarlate das íntimas canções,

Sou fraco que de fraquezas mil se torna forte,
Sou alado, sou anil, sou as eternas divagações,
Sou tudo e tudo nada nos castelos da sorte.

Encantamento

Não bastassem os dias incomuns
as noites frias de verão à assolar,
os passáros únicos a cantarolar,
e a dança caótica no mar dos atuns.

Não bastassem as rosas vermelhas,
o fulgor único do terreno cinza-vil,
o céu com seu brilhante azul anil,
e as flores completadas por abelhas.

Não bastassem estas situações,
estes contrastes que nos foi dado,
o mundo continuaria sendo alado,

sob forte chuva ou até mesmo trovões,
ou ainda que outras fossem as tradições,
tudo continuaria sendo encantado.

Dead Flower

Temos caminhos.. Longos caminhos a seguir,
Enraizar, lutar contra o mundo e sobreviver,
Gerar frutos. Ir até não mais conseguir,
Para curvar-se ante ao tempo, e florescer.

Floresce-se. Vive-se. E da vida se espera.
Sabeis da regra, sabeis do mundo como é,
Da vida fausta, fausta vida que tudo altera,
Dando flor às rosas e rosas a quem tem fé

É duro dizer o que todos sempre souberam,
pois sente-se culpado por lhes isso dizer,
a vida é vida. E com isto nunca puderam,

Sabem que o tempo é sentir puro prazer,
Que ele faz todos aqueles que nasceram,
Todos, sem exceções, um belo dia morrer.

A vida segundo a vida

Se de tamanha emoção sinto esperança,
Pensando em ardor e vivacidade terna,
acolhendo sentimentos d'uma vil caverna,
Que há de nem me deixar, sequer, lembrança.

A vida propícia, por vontade ou atração,
Boas coisas, ou más, num emaranhado senil,
que seja bom ou mal a dor é sempre ardil,
para quem espera uma outra sensação.

E sonham, alto, alto demais para ouvir,
O som que sai das pequenas coisas do mundo,
Seqüestram-se para não ter que sentir,

O que procuram na vida a cada segundo.
Esquecem, por fim, que terão de fugir,
Para viver, ou morrer, num ser profundo.

As pétalas do amor

Que parta meu amor em livre assento,
em busca de seu extremo esplendor,
leve contigo meu sublime sentimento,
e traga um sorriso seu em puro ardor.

Levai a alma inepta em sua busca sagaz,
fazei dela sua sectária puritana amante,
rogai aos amores que dai-lhe lidima paz,
para em meus braços sentir-se arfante.

Vá ao érebo de teu rustico pensamento,
longe vislumbrar umas outras paisagens,
pois, andarei pensativo e a passo lento,

olhando o céu as estrelas e as imagens,
lembrando a ti aumentarei o meu intento,
e buscar-te-ei onde esteja as floragens.

Sob os pesares do amor

Se de vossa lagrimas sinto presença,
sinto vossa paixão ardente pura linda,
que de amor funesto se mostra finda,
Por amar a quem lhe oferta indiferença.

Quão degradante e ruinosa é sua sina,
que por amar demais, está se em lamuria,
tentando conquistar uma alma espúria,
qual lhe dá dor e tristeza repentina.

E não se sabe porque amas a tal tristeza,
Sabes que podes não viver sem sentimento,
Vives ainda à merce do que lhe tira beleza,

Do que lhe dá um eterno descontentamento,
se lhe é assim que merece viver a realeza,
vivamos nos, plebeus, à traça e ao vento.

Quando se perde as razões do amor!

De que vale sentir saudade?
Quando não existe afeição,
Quando ama sem retribuição,
Quando não encontra felicidade.

De que vale sentir paixão?
Quando se ama sozinho,
Quando não existe carinho,
Quando se lhe há solidão.

De que vale sentir amor?
Quando não se sabe se é amado,
Quando tem medo do clamor,

Quando se sente envergonhado,
Quando não existe glamour,
Quando de paixão é aprisionado.

Amor amante

Amor com amor se compra.
Vendido o amante esquece,
fazendo de palavra prece,
E que prece amante cumpra.

É amor amor ao nada em si,
amar ao tempo, à luz austera,
amar ao docil e também a fera,
amar a quem lhe ama e tem-si.

Amar como que o gelo ao sol,
navegar profundo mar ardente,
do oceano do amor que mente,

e sentir amante ser latente,
junto às abobadas e arrebol,
esquecendo ser amante atol.

Àquele amor derradeiro

O amado visto de amor se completa,
sendo amante a felicidade é repleta
mas amor não é amor quando não se
sabe amar o que quer que ame você.

Amor oblacente, carente ou devasso,
No mundo esta em eterno compasso,
nas sinuasas lembraças d'um amado
ser que sonha sempre que é alado.

E por que amar amor como a um tesouro,
esperar da terra frutos mil ou solidão
em si encontrar a dor vil banhada a ouro,

Sedimentar o amor para o amor em vão,
Sentir dele como que um corte ao couro,
que abre a pele como rasga o coração.

Sadness Beauty.

Se de profunda beleza encantável,
Que com feérico som soa tristeza,
De traços sublimes és quase estranheza,
De estranheza és singularidade inditável.

Imitaram-te ao fazer as estrelas,
Até vosso lume fizeram copiar,
Seus olhos tentaram expiar,
Para de ti conseguir esconde-las.

Mas nada podem contra vossa beleza,
Que equipara-se às deusas perdidas,
Já que aqui tudo seria apenas tristeza,

Pois sem vós teriámos vidas aturdidas,
Sem pensamento e também sem alteza,
Num reino vagante de almas feridas.

Angel

Somos anjos de uma asa só, e só conseguimos
Voar quando nos abraçamos com outro anjo.
Sentindo da brisa o amor que nos dá esbanjo;
E do calor todo infinito que então sentimos.

Somos anjos de uma asa só, e só conseguimos
Voar quando nos abraçamos com outro anjo.
Qual espelha sua alma em sublime arranjo,
De céu em cores mil e em mil sóis em arrimos.

Somos anjos de uma asa só, e só conseguimos
Voar quando nos abraçamos com outro anjo.
E sentindo o vento nórdico nos encontrar.

Fazendo-nos juntar, e quando assim abrimos,
Os olhos à imensidão, ao som d’um banjo,
Que tocado por Eros, emite o som do amar.

Funesto Fim

Um agouro suspirou no ouvido,
Um canto ao longe se escutava,
brando o som às pedras inalava,
Fantasiando um belo dia altivo.

Perdeu-se sob o céu escarlate,
Uma lagrima a face lhe corria,
O sol fulgindo vil lhe sorria,
Torrando aquela face que bate.

Voou, como uma águia no horizonte,
o vento, a face gélida, lhe tangia,
com olhos fechados via-se ageronte,

Na transição sentiu assaz algia,
Algoz à terra foi ditosa fonte,
Que ofuscou o homem em biofagia.

Caterva

Rompeu-se o liame do ser indolor,
No centro da evasão viu-se perdido,
Caminhando ora austero, ora comidido,
porfiou-se com si em brando palor.

Ruinado, os passos lhe trajavam,
voraz despiu-se da trajédia,
Movendo-se onde encontrava inédia,
E fracassos que lhe aguardavam.

Observava ao longe aquela migração,
Horrendos prospectos de humanidade,
Meticulosas formas de idealização,

Onde nada faz esta tal sociedade,
Esperando em caterva a realização,
De terra em céu e céu em felicidade.

Dispersão Melancolica

Voltar a ti minha atenção é trivial,
os pensamentos comuns me deleitam,
No berços que os poetas se deitam,
Vejo-vos com reserva especial.

Não penses que o traje veste o homem
Que os que esnobam nada tem a oferecer,
Que todos, sendo homem, tendem a morrer,
Que da vida os que não aproveitam somem.

A frivolidade unge aos sentimentos vis,
no seio da sociedade somos todos pecadores,
viboras que adornam o mundo com tons sutis,

De melancolias, sordidez por fim de dores,
Que arraigam no ser o que nada se diz,
Deificando santidades e dizendo-o amores.

Ideologias Perdidas

Ideologias pregam a maldição precursora,
No homérico prestigio sente o ardor vil,
Pragmático o prelúdio da andança no covil,
Estagnado na fatídica realidade assustadora.

Auspiciosas reflexões de derradeiras evasões,
Que, no complexo do imo, corrompem o ser,
Abstêmio de mente não pretende, mais, crescer,
Mitigado de solilóquios e, da vida, supressões.

Medida de intenção paliativa e frugal,
Alimentam as ideologias dos primitivos,
Na crista da solução é, então, vogal,

Crivado na promiscuidade de altivos,
Extenua-se olvidando o tom abismal,
Das concepções, vituperantes, em silvos.

Ruptura

Fulgente o astro matutino aspira amenidade,
Resquício do hodierno antro se esvai cativo,
O prospecto dos infortúnios se mostra altivo,
No patamar, finório, da escudeira relatividade.

Viventes, que temem senão a própria vida?
Eufóricos, no plano da dimensão desvairada,
Pousam um deus de trama desarmonizada,
No reducto dos que hão de tê-la perdida.

Desvendam o próprio descontentamento,
No auge das redenções com antigas crenças,
Afundam-se, na ilusão, de um sentimento,

Que suprimem, por hora, desavenças,
Mas que por fim fortalecem o tormento,
Destes seres acometidos destas doenças.

Traços do Perdido Mundo!

Perfunctórias passadas marcam o solo,
Sem ideal algum, desmembra-se da sensação,
Que aprisionado voa como um besta cão,
Que livre preso está no seu próprio pólo.

Eflúvios de lacônicas lamurias o maculam,
Aturdido pela ruptura dos compactos neurais,
Silente as ignominiosas sombras são fatais,
Quando os invectivos deméritos o manipulam.

Fora, então, succionado ao i[mundo] atroz,
Nos meandros da valência perdeu a dimensão,
Estuporou-se com o som de sua própria voz,

Que aludida ao céu trouxe-lhe apenas servidão,
Do conluio, excruciante, e demasiado veloz,
Onde cairá sem ideal, sem sentido, sem ilusão.

Prostrado

Da fonte, onde ressecados estão os laços,
O homem verifica-se em tempestade habitual,
Acolhido pelo som lúgubre simil a um ritual,
Prostrado e varrido de seus comuns traços.

Alhures vê fausto pensamento surgir,
O que lhe é temerário, agourento e impiedoso,
Pois, amalgamado ao imo é sempre ruidoso,
Nas constâncias do que lhe podia inibir.

Retorna então à tempestuosa solidão,
Que lhe afaga e destrói o sentimento,
Pois, que encontra na amnésica ilusão,

O fruto do cordial descontentamento,
Onde na chuva olha e vê a razão,
De tão infausto e vil sofrimento.

Desvairado Homem

Eis que surge ante ao espaço hermético
A solução, efêmera, porém, não mais ideal.
O espírito, ainda que murcho e caquético.
Renasce, ante suas cinzas, robusto e frugal.

[Porém,]
Viu-se alheio as questões, a ti, prejudicial.
De si, demasiadamente, havia esquecido.
Escondido e amedrontado sentiu-se banal
Procurando-se, algures, se havia perdido.

Sua imagem não mais era lembrada
Teu rosto, a ermo, haviam esquecido.
Este jovem a mente tinha quebrada

E teu espírito, ora esquálido e vencido.
Pela farroupa solidão fora arruinada.
Restou-se, o homem, poluto e varrido.

Exequias

Oh! Vida, somente, de ti sinto tamanha execração.
Por ter-vos, a mim, abandonado em ambiente hostil.
Se soubesses vois, do meu ímpio, a dimensão.
Talvez tirar-me-ia, logo, deste terreno pueril.

Perdido, algures, encontro-me em fastidão
Ao nada olho esperando ser, por este, sugado.
Porém sou, taxado, por este, de vulgar truão.
Que deixa-me aqui só para ver-me acabado.

Sinto o pesar dilacerar, momentaneamente, meu ser.
Findando assim minha esperança, ora guardada.
De honrosa morte, neste imenso inferno, vir a ter.

Porém, sinto eu, que nesta batalha, ora travada.
Não hei de nenhuma ganhar, ou melhor, perder.
Pois que a vida, em mim, vê-se lisonjeada.

Eternos Namorados Pt. 1

Cobre-se de rubro este inefável dia
Pois que do amor são as cores
Devaneios circundam a algia
Dos amantes vê-se os amores.
Na alma, branda, a magia!
Dias estes que rechaçam os pudores
O sentimento deflagra a paixão
No imo do ser arde o coração.

Florescer do Mal

Acorda-te e veja contíguo, o mal, surgir.
Sorrateiro e não menos, a ti, cordial.
Beija-te os lábios, ouvindo-o fremir.
Em olhos brumados uma algia real...

Vês que há de ser decadente
O sentimento funesto e truão
Ora mórbido, ora ardente.
Vestindo negro, personifica paixão.

Esquálido deixo-me absorto em vossa mão
Procurando não mais que o conforto da paz
Na alma, a dor, mortífera consome em vão.
Pois, o corpo, sem vida, no sepulcro, jaz.

Floresce o mal em corpo inanimado
Como a rosa, em frutífero, jardim.
Sobe ao céu o ser aclamado
Pelo rir da morte que saboreia o fim.

Praiano Desventurado!

Descalço piso na areia molhada
Vejo o arrebol estender-se raro
O brilho refletido na agua salgada
Traz-me o silencio alto e claro.

Ouço a inaudita voz da luz
Que me dizes deste caminho
O horizonte chega e seduz
Ditoso por caminhar sozinho.

Na alva areia resta-se o passo
Do caminhar deste ser enfadado
Reflete-se no céu descompasso
Impresso por este ser desnudado.

A quimera alude a devassidão
Já o arrebol fugaz aflora
Finda-se o dia em vil solidão
À bruma olha-se e chora.

Solidão

Finda-se o dominical dia
com flores de margarida
a noite traz-me a magia
da algia sinto a ferida.
_

Vejo no solo rubro a dor
claudicante como o céu
no rosto esconde-se o pudor
a mascara apresenta o fél.

_
Perdido sobre meu seio
sinto o folego da vida vil
o ódio infame me veio
cuberto pelo rosto senil.

_
Encontro porém na vida
uma demasiada devassidão
amargura nos olhos é tida
pelo sentimento de solidão.

fevereiro 15, 2008

Biduo Fastigioso.

Regresso dos campos rubros de meus pensamentos
Ao que estive, por longo tempo, neste recanto exilado
Escutava tudo quando de minha alma, os sofrimentos
prosperava eutimia, por nostalgia, neste ser, enfadado.
Solvem-me as horas em colapsos, fibrilares, nervosos
Perdurado per meus indistintos devaneios morbidos
Arraigados pensamentos, excruciantes, temerarios, fermosos
Funestos ante ao sol, à lua, porém, são eles, somente, sordidos.