fevereiro 26, 2010

O Pescador

Na beira-mar há um estranho ser,
De tudo vazio, porém compenetrado
pescando a vida muito arraigado
a valores muitos, sem nada fazer.

Buscando o todo e o completo nada,
olhando o horizonte espesso,
e perdendo-se no singelo apreço
que lhe vem da solidão calada.

Ali, nesse universo de colisão,
onde se constrói a passividade,
encontra o pescador de solidão,

a pura essência da abstracidade,
no tudo, no nada, na ilusão
do que crê ser a única realidade.

Solilóquio abstrato do si para consigo!

Não há carne ao teu pranto,
Nem desespero a teu olhar,
Que se me afigure espanto
Aos laços teus do enganar.

Sentimentos loucos, ufanos.
Trajados de fome e rejeição
Do que jamais te fora danos
Do que jamais te fora paixão.

Sonho, eis que ilusão isenta,
Daquele que mata e não come
A saudade perdida e sedenta!

Direi-te que o que consome:
É pão amargo que alimenta,
porém não que mata a fome.