fevereiro 16, 2008

Anjo Triste. Parte I

Ó anjo triste, tiraram-te as asas ao nascer
e deram-te pés para que aprendesse andar,
e no singelo corpo humano, a sorrir e cantar,
tornasse-se um ser-deus, a viver e padecer.

Nascido sem asas ao relento escondia a tibieza,
vivia a mercê de seu destino cruel e medonho,
o mundo foi-te como um pesadelo num sonho,
que dava-te os ares mais quentes d'uma frieza.

Aprendera, triste anjo, a ser um humano alado,
Aprendera a voar sem asas e também sem vento,
Aprendera que a tristeza é para se sofrer calado,

Aprendera que para se viver depende de intento,
Aprendera que tudo é um dia, e um dia é um fado,
Aprendera, por fim, que a vida humana é sofrimento.

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