outubro 28, 2008

Nos longos dias de solidão

Nos longos dias de solidão.
Abaixo a cabeça e penso
Logo rio, e acendo incenso
Para espantar este cão.

Nos longos dias de solidão
Minha natureza ecoa sombria
Como a triste tristeza fria
Que cai da cama da ilusão.

Nos longos dias de solidão
Sou eu e eu mesmo na rua
Sou eu na natureza crua
E quero estar só na escuridão.

Nos longos dias de solidão
Penso no mundo exterior
E na paz que hábita o interior
Penso e penso e digo não.

Nos longos dias de solidão
Eu não a quero, não desejo
Cuspo na boca que beijo
Para demonstrar ingratidão.

Nos longos dias de solidão
Maltrato-a, a ela, como faz
ela comigo, quando ela traz
Consigo sua vil maldição.

Nos longos dias de solidão
Eu desperto para o mundo
Sou anjo, sou vagabundo
Sou intrigado e sou truão.

Nos longos dias de solidão
Me falta a chuva de primavera
Aquela que agôa aquela era
De drama, medo e traição.

Nos longos dias de solidão
Sou eu quem faz o roteiro
Dirigo o filme, sou porteiro
Desta casa de imensidão.

Nos longos dias de solidão
Abraço o primeiro que ver
Não importa cheiro, nem querer
mas o sentimento de gratidão.

Nos longos dias de solidão...
Eu grito com o mundo e choro
Desespero e também imploro
Para que me venha um vozeirão.

Nos longos dias de solidão...
Eu sai e não me deixo estar
Neste sentimento de pesar
Que abate todo o coração.

Nos tortuosos dias de solidão
Eu ligo o rádio e triste canto
Para espantar o que espanto
Para sorrir feliz depois do trovão.

Nenhum comentário: