julho 31, 2008

Que aconteceu com a gente?

Que aconteceu com a gente?
Não vejo aqueles sorrisos
Que ficavam esculpidos nos pisos.
Agora que tudo está diferente...

Que aconteceu com a gente?
Não estamos mais acesos
Ao céu nosso dos indefesos
Que brilhava intensamente.

Que aconteceu com a gente?
Já não falamos mais de amor
Nossos dias são perdidos.

Eu amante e você fremente!
Ambos insensíveis à dor,
Ambos de amor feridos...

julho 30, 2008

Hoje não quero falar de amor.

Hoje não quero falar de amor...
Nem, contudo, hei ser ouvinte
Testemunha do seu requinte
Carrasco da sua leal e cruel dor.

Hoje não quero falar de amor...
Pois seriam palavras vazias
Chamas esgotadas, chamas frias...
Numa boca suja e indolor...

Hoje não quero falar de amor...
Não quero falar de nada...
Não quero... Não quero, somente!

Hoje não quero falar de amor...
Quero toda palavra silenciada
Como o silêncio do amor silente.

julho 01, 2008

Ao vento...

Soprei ao vento, amor que valia...
Para que este servo do meu amor...
Buscasse para mim e meu louvor...
A Rosa mais Linda desta Gália.

Pedi-o, que com pressa, me laureasse!
Com este ente de salvação e ternura...
Que de tanta beleza e tanta brandura...
Faz trazer a dor da saudade se me faltasse.

Veio-me e como veio! Amor!
Veio-me de mãos vazias! E então chorei...
Veio-me com mais ternura, na sóror...

Disse-me que {e senti nele a olência da bela...}
{Entendi os olhos marejados} Hei pecador, hei!
Mas perdoei-o, pois nos olhos dele vi os dela...

junho 22, 2008

Porta para o lado colorido.

Inocência em riso brando esculpido...
Amor em peito quente abrasado,
Um teto de luz clara iluminado,
Um contente beijo em face despido.

Infantes descalços correndo sem destino...
Cores em matizes pelas frestas visualizadas,
Campos arborizados, risos e mais risadas,
Um mundo perfeito sem medo, sem desatino.

A porta aberta... Uma janela... Um coração...
Uma mulher, que na cores pensava,
Sorria alegremente, enquanto entrava.

- Mãe, deixaram a porta abrido...
Percebeu a mulher, num riso, então
Aquela era a Porta para o lado colorido...

junho 21, 2008

Canção para o meu tormento

Hoje o céu está triste,
Hoje o chão é incolor,
Hoje a solidão persiste,
Hoje o mundo é de isopor...

Há no peito uma canção...
De tormento, amor...
Versos tristes, solidão...
Muitas lágrimas e dor..

Canção pro meu tormento,
Canção pra minha dor,
Canção pro sofrimento,
Canção pro desamor...

Não há flores no jardim,
Nunca houve plantação...
Não há nada dentro de mim...
Nem mesmo um coração...

Cante comigo agora...
O tormento em canção,
E enquanto você chora,
Vou falar da ilusão...

Vou cantar meu tormento
Meu tormento em canção.
Vou falar de sofrimento...
De mágoa, dor e ilusão...

Grite comigo agora...
O tormento é canção,
E enquanto você ora,
Vou escutar a solidão...

Vou contar o meu tormento
Meu tormento em canção.
Vou falar de sofrimento...
De remorso, medo e aflição...

junho 17, 2008

"Vambora"

Enquanto alguém canta uma canção,
Um outro alguém, triste e solitário,
Ouve-a respeitando a consternação,
Que a voz emite ao ouvido sectário.

O bom ouvinte, enquanto chora,
Anota, com lágrimas, a letra sofrida:
“Entre por essa porta agora, e diga que me adora
Você tem meia hora, pra mudar a minha vida”

Um ensaio melancólico brota no pensamento,
Sob a forma de um triste e triste soneto.
O tristonho começa com lágrimas o quarteto,
Que com a música personifica seu sofrimento...

O instrumento continua tocando a harmonia...
Ao som dele, o combalido homem seu verso dita...
E num extremo de amargura e cacofonia,
Exprime sua dor nos versos, pobre versos que recita:


Ouvindo a música tilintar ao vento,
As notas molhadas voam sem destino...
Voam... E voam... E soam como sino!
Na alma ressoando o descontentamento.

Umas vozes suaves, doces e magoadas,
Canta com dor as lembranças perdidas...
Canta querida, canta... dizem aluadas,
As estrelas que já choram feridas.

As lágrimas caem em forma de chuva fina...
E aquela voz ainda ressoa no coração,
Com ela uma dor tremenda, desatina...

A voz, numa mórbida tibieza, diz: É hora!
Alguém canta “vambora”, como que oração...
Enquanto o peito dói e a voz melancólica adora.

junho 12, 2008

Em algum lugar...

Em algum lugar do mundo...
O sol é, pois, mais fulgente,
Alumia o céu do moribundo,
Alumia a estrada decadente.

Em algum lugar do mundo...
Há felicidade em demasia,
Sorriso do mais profundo,
Sorriso e alegria e alegria!

Em algum lugar do mundo...
Há pessoas benevolentes,
Ajudando o mais imundo...
Ajudando aos descontentes!

Em algum lugar do universo...
O amor importa a toda gente!
Lugar onde o amar é diverso,
Lugar onde o amar é valente.

Em algum lugar do universo...
Canta a lua seu sóbrio desejo.
Cântico em lira e em verso,
Cântico para esconder o pejo.

Em algum lugar do além-astro...
Esconde-se o eterno segredo,
É, pois, lá o solo de alabastro!
É, pois, lá o mundo mais ledo.

Companhia

Lábios vermelhos como o sol nascente,
Casto rosto e pueril da linda donzela...
Que de tão bela, a lua nova crescente,
Regozijava de loucura em conhecê-la.

De uma terrível, e felizmente rara,
Noite de insônia, nasceu o púrpuro prazer...
O prazer puro, como a alma pura e cara,
Da donzela, cujo lábio é motivo do fenecer.

Tanto busquei companhia, qual não tinha,
Que nos lábios escarlates da donzela,
Achei soro da vida que carece a veia minha,

Encontrei o antídoto e o veneno pro sofrimento,
Naquela boca vermelha e casta e bela,
Naqueles beijos que não tive, naquele tormento.

junho 10, 2008

Amor Virtual

Que me diria do Virtual Amor?
Aparenta prazer lascivo sensual?
Um cingir na pele, um ardor...
Uma frieza? Um beijar não labial?

Que é amor? Que é? Amor? Amar?
Significa uma vida para muitos,
A outros, mera ilusão, mero sonhar!
Que é amor? Que é? Amor? Frutos?

Amor virtual... Engraçado amor,
É tão vulnerável... Uma imagem,
Que na mente cresce sem cor...

Um sentimento, uma ligeira paixão?
AMOR? Virtual! Intangível passagem...
Uma solitária viagem, uma abstração.

junho 03, 2008

O amor se foi, e deixou-me a cicatriz

Quando queimado fui de amor,
Dançei o alto som da glória,
Rasguei minha funesta memória,
Por achar-me em feliz dispor.

Hei lembrar-me daquela ventura...
Onde no lago azul nadava o riso,
Nas estrelas encontrava o piso,
Nos lábios escarlates a ternura.

Perdi-me nos doces lábios da paixão.
Do funesto destino fui eu aprendiz.
Meu mestre tempo me mostrou solidão...

Eu mostrei-lho lágrimas e disse infeliz:
Eu muito amei e agora sinto a devassidão.
Pois, amor se foi e deixou-me a cicatriz.

maio 21, 2008

Meu Segredo

Vou lhe contar um segredo,
mas vou dizer-lhe ao ouvido!
Pois é bem mais entendido,
num sussurrar com enredo;

Num sussurrar com vontade,
onde o sopro cria arrepio,
e a voz, como que porfio,
na alma encontra saudade.

E vou dizendo-lha devagar,
palavras, das mais emoções,
doces encantos e ostentações,
para meu segredo bem guardar;

De bom grado, farei arranjo,
com arpejos e sonatas,
e com palavras ingratas,
farei-te uma música no banjo.

E solarei-te para tu ouvir,
Enquanto ouves a declaração,
o meu segredo, minha canção...
meu híbrido e incolor sentir.

Sinto-lha mente está a sumir,
posso sentir vossa mão suar,
sua voz, arfada, falhar,
vosso ouvido a tudo consumir.

Conto-te meu segredo e arquejo,
meu corpo sinto tremer inteiro!
Meu segredo, confesso, sorrateiro:
É que passei pra lhe deixar um beijo.

[...]
[Em continuação... E em silêncio]
[Solitário o amante propala os seguintes dizeres:]

Contudo, em silêncio muito mais falo!
Falo a mim e a minha solidão, sem querer,
Falo, pois meu amor não ouvir-me-á dizer,
De meu amor, pois aos ouvidos dela calo.

[Assim falo:]
O verdadeiro segredo, por que lhe chamo,
conto em teus ouvidos com grande temor!
Contar-te-ei, com coração em palor,
que és tu a única pessoa a quem amo.

maio 20, 2008

Uma ilusão sem fim

É tudo nesta vida uma proeza,
uma dádiva de não sei quem,
que ninguém sabe d'onde vem,
que ninguém admite ter beleza .

É assaz tedioso - óh vil nobreza -,
Ver-vos escondertes neste sonhar,
onde distante, na lua a se banhar,
prende-se na mais pura tristeza.

Como tantas outras - perdidas e nuas -
se vai a princesa enjaular-se, enfim,
no seio das tuas lámurias, como jasmim
a esconder-se nos medos das glórias suas.

Enquando muitas pessoas se vão presas.
E tantas outras se vão livre-soltando.
E muitas outras sentindo-se indefesas,
Outras, tantas outras já se vão chorando.

E recôndita nas estranhezas d'uma solidão
encontrará um céu azul nublado escuro,
encontrará também corpo vázio e puro,
cheio de esperanças, cheio cheio de ilusão.

Um triste primeiro dia de abril.

Ela havia voltado.
Alguém lhe dissera.
A mente se desespera,
já muito atordoado.

Era a luz no caminho,
num escuro deserto...
Era um puro vinho,
que lhe estava aberto.

- Onde. Pergunta-se ele.
Queria tão logo esse ardor.
Os olhos buscavam nele,
aquele beijo despertador.

E já não se bastava...
Era todo em si contente,
sua alma que vagava,
veio-lhe de presente.

Um sorriso lhe fulgiu...
o rosto se molhava,
a mão que já se atava,
os lábios consumiu.

Num frénetico riso,
a notícia lhe aparece,
mais forte que uma prece,
e tão vil quanto um aviso.

E como se lhe rancassem o siso,
A dor no coração lhe afligiu:
não era sua amada naquele piso,
é apenas o primeiro dia de abril;

Um primeiro de abril.

Poderia dizer mil coisas lindas,
coisas das quais jamais se falava.
Falar-te-ia que vos não escutava,
e que todas as palavras são findas.

Ela lhe saciava... e ele: ah! amável.
Diziam-se: nós somos almas identicas,
Que em cada forma são excentricas,
e para cada beijo é lúdico e afável.

Ah! com que beleza invejavam aquele amor,
Com que vontade transformavam lago em rio...
Eram amantes, e qualquer um sentia sabor.

Mas, o passo do amor é fantastico, é ardil,
É como uma verdadeira mentira, um beijo frio...
E o tal amor é a vida eterna n'um 1º de abril.

Um silêncio.

Um dia quando calada estava a solidão,
Perguntou-lhe o silêncio da sua quietude,
Disse-lhe a solidão: encontro aqui plenitude,
Pensou o silêncio: é o quarto da emoção.

O silêncio, ainda inquieto, não exitou em perguntar:
- Solidão, passageira e motorista, qual sua jornada?
A solidão, em sua tristeza, responde ainda atordoada:
É caminhar sozinha, atrás do silêncio que esta a falar.

O silêncio, no auge de sua pertubação, indaga a pobre:
O que fazes tanto solidão, neste escuro que te cingi?
A solidão - abatida com sua imaginaria atitude nobre,

Cala-se, ao silêncio, enquanto um bobo sono fingi,
Não resisti e, diz, naquela sua irritação redobre:
Faço tudo, quando o tempo seu alvo ferido atingi.