novembro 08, 2012
A flor
setembro 10, 2012
agosto 20, 2012
Da noite que vai embora num trago
Trago também o mistério da escuridão.
Solidão que brota de meu perdido afago...
Apago tudo, tudo afago, toda perdição.
Outra noite, ou apenas outra desilusão;
Quão eterna é a escuridão da eternidade,
saudade, saudade, saudade: saudação
coração escuro sob lúgubre claridade.
São as luzes da cidade: noite e ausência.
Aquiescência que move a neutra visão:
Oração é? É pensamento, é demência?
Ausência, ausência, ausência: é escuridão.
Ilusão de uma noite quente. Paciência!
Leniência à noite perdida na solidão!
abril 24, 2012
Fascínio
Nada
Solidão
abril 16, 2012
Soneto da Aproximação
valorando-me tal qual um vintém.
Passava eu em meio a multidão,
sem perceber nada, nem ninguém.
Estivera eu quieto em meu canto
lendo poemas e Chopin assoviando.
Afogando minha nostalgia e pranto
nos pecados que me iam quebrando.
Tranquei-me na cave do engenho,
certo de que a emoção não sorriria.
Mil enganos da minha engenharia,
pois quanto maior meu empenho
em afastar-me do que não queria,
maior meu desejo no que desdenho.
abril 10, 2012
A pensão
havia uma pensão, que era do tio...,
que recebia pobre, rico, moribundo
a porta sempre espreitava o mundo.
Tudo se via ali, só não alcoolemia.
Ainda assim todo mundo que ali vivia,
tinha consigo um quê de distração...
Taciturnidade era proibida, ali não.
Só havia uma regra em toda a pensão:
Respeitar como quereis ser respeitado!
A frase sempre ressoava pelo saguão...
E todos respeitavam, só não o Coitado.
Foi pego. Seu crime não teve perdão.
Em sua defesa, crime de amor jurava.
Ainda assim teve sua terrível punição:
Cegar-se e emudecer-se a quem amava.
março 14, 2012
Vaidade
propenso ao mal que me venera.
Vaidade, minh'alma calma te espera,
eu, entretanto, não sinto saudade.
Enquanto tudo em mim te clama,
meu engenho, pueril e confuso,
fecha-se em si, e deixa obtuso
todo pensamento, toda chama.
Por que simplesmente não me toma?
Não emerge em meus complexos ufanos,
corroendo toda virtude que me soma?
Ou não deixa-me na paz dos enganos?
Vaidade, esse mal que me carcoma
é teu, como são teus os meus anos.
janeiro 31, 2012
Goodbye lonely day
antes de sentir a rajada de ventos
que vinham de baixo.
Era pouco atenta. E a janela
pela qual olhava seus alentos
era imensa, sem facho.
De qualquer forma, tentar nela
enxergar - de tempos em tempos,
ou ver algo abaixo,
não era tarefa fácil. A afogadela
de tudo em si, de pensamentos...
tornava o altibaixo
numa espécie de novela.
Um drama de descontentamentos,
sem príncipe, sem coaxo...
E tudo o que se revela,
intranspõe os desprendimentos
como se fosse um capricho!
Pintava-se ali a vida na tela.
O vento, o céu e os fragmentos
de voz perdiam-se no ancho.
Nada importava. Nada, nem ela.
O vento talvez, talvez momentos...
mas agora era tudo cinza, chocho.
O capitulo final se fez todo dela.
Alguém viu-na sorrir com o abalroamento,
o resto viu um pálido vermelho-mocho!
dezembro 31, 2011
Minhas Promessas
dias infindáveis passaram,
noites agradáveis acabaram.
O ano, finalmente, passou.
Deste só restam agora promessas,
das quais muitas se perderão.
Mudanças, quem sabem, virão,
quem sabe, baniremos às pressas.
Promessa, promessa, promessa...
Alguém, talvez, vá delas atrás.
Eu, porém, fico com o presente,
que tão somente a mim interessa.
Prometo apenas uma coisa, aliás...
Serei eu, e, talvez, eu somente.
abril 12, 2011
Quem sou eu?
O universo me transpassa,
e eu aqui estou sem raça,
sem cor, credo, tão sem.
Quem sou eu, eu sou quem?
Pareço-me com cada um,
entretanto não sou nenhum,
não sou, não sou ninguém.
Quem sou eu, eu quem sou?
Um joão ninguém, um josé?
O divino, o belo, o cifé?
Quem sou eu, quem estou?
Serei aquilo que chamam fé?
Não sou, apenas não sou.
março 19, 2011
As cores
na calada doentia e indistinta.
Via tudo, e em tudo havia tinta.
Via cores, que só não haviam em mim.
Sentia-me desbotado, e incolor.
Um passageiro sem passagem,
vagando entre a paisagem
que revelava tudo, só não cor.
Desbotei-me. E o mundo passou.
Quais cores haveria de pintar,
se de tintas era eu desconhecido?
O mundo de tintas me impressionou.
O mundo passou e parecia desbotar?
Ou passei eu no mundo despercebido?
junho 03, 2010
Esqueci.
Aqueço-me entre as estrelas!
Suporto minha dor de vê-las
sorrir na noite em que afundo.
Um sopro gélido o espaço anseia.
Canto solitário o que nem sei;
Está vivo? Sou vivo? Viverei?
Ah! tolice imaginar! Vagueia.
O reflexo me confundi a mente,
Que em perigrinação não é sã.
Mente que mente, pensa, sente.
Que esquece que o esquecimento,
que perece nessa aldeia cortesã,
é tudo que há, exceto sentimento.
maio 12, 2010
O mundo como inverno!
arte, pudor e tolerância;
Há até singela elegância,
na pintura e no desenho.
Uma espécie de legião,
cuja fronteira é vasta,
da qual a tudo arrasta,
para dentro da predição.
Um bosque vasto e sombrio,
belo e mal-acabado;
Um acorde para o fado,
que resvala no vento frio.
Um vento frio, imaginado...
Que ouvem, mas ninguém viu.