outubro 27, 2008

Novo beijo

Agora que curaste teu coração!
Me perco, choro e entristeço,
Se antes sentia, agora aborreço,
Cedendo ao tormento da omissão.

E quão breve lhe atrever a seta
Ultrapassar os antigos ferimentos.
Antes partirão vossos tormentos
Antes minha alma estará inquieta.

Quando se-lhe for nova a ventura,
Novo será o tormento, o desejo
Novo será o carinho, a ternura...

Apresentar-se-á moço o arquejo
De consquistar, com bravura,
Novo amor, nova boca, novo beijo.

outubro 19, 2008

Constante

Oh! céu da mais pura inconstância,
Que fazes tu nesta terra penosa...
Porquê brilhas como lua preciosa,
Se sua sina é escrita na acrimância?

Porquê não choras como criança?
Chora como quem quer ser feliz?
Chora pelo amor ardente e aboiz,
Pelo bem-querer, pela esperança?

Sinto vossa dor, oh! céu glorioso.
Sinto sua constante inconstância.
Esse sentimento desarmonioso,

Quando está presente em abundância...
Sei que sofres e se sente choroso,
Lembrando teu choro de infância.

outubro 16, 2008

Pelo vento

Quando o tempo é só inspiração,
Faço das minhas palavras vento
Para soprar, aquele sopro bento,
Que levará meu beijo a vossa mão.

E neste beijo, que é feito
Na noite serenosa e calma...
Que sai da boca e da alma,
Há todo meu amor e respeito.

Neste beijo vai a toda paixão
Doce e terna, do amante esquecido.
O amor em lábios de pura devoção...

E quando os lábios do vento perdido,
Já houver tocado vossa linda mão
Estarei louco e pelo amor ferido.

outubro 01, 2008

Quando vos puderdes dispor

Quando vos puderdes dispor,
Com sorriso breve de alteza,
O interior de vossa beleza:
De nada terás medo e temor!

Quando vos puderdes dispor,
Com justa e rica vontade,
Daquela simplória liberdade:
Saberás quem lhe tem amor.

Quando vos puderdes dispor,
Apenas por pura disposição,
De toda vossa qualificação:

Sentir-se-á pronta ao calor,
Que exala de vossa paixão...
Das pétalas de vosso pudor.

Toda minha saudade

Acordei hoje triste e choroso...
Pensei em teus olhos profundos,
Neles lembrei de meus mundos...
Onde não hei sintir-me nervoso.

Lembrei-me de teus lábios de flor,
Adulcicados pelo orvalho da beleza
Nutridos pelo fervor de uma grandeza
Que só vossa boca linda sabe dispor.

Em tua voz lembrei toda verdade,
Lembrei do vazio e da ilusão...
Da distância do vosso perdão...

Lembrei do sorriso de liberdade
Onde encontrei toda minha paixão
Onde deixei toda a minha saudade.

Hoje não usarei versos

Hoje não versos usarei,
falerei com redundância...
De mares da infância
De reinos que já herdei.

De mundos perdidos,
De reinos sem iluminação,
Dos planos de salomão
Da infância dos esquecidos.

Hoje verso não quero usar!
Quero flores e vinho tinto,
Abraçar só por abraçar,

Comer da linda noite o bem,
E mastigar o que eu pinto...
Pintando amores a alguém.

setembro 22, 2008

Àquela querida deusa!

Oh! querida deusa de ternura,
Sua imagem é água que lava
todas as impurezas e desbrava
a pureza sua, de pessoa pura.

Quanta devoção lhe é prestada,
nessa terra de jardins e prados...
Onde - nos dias de esquadros -
procura-se o céu vosso de calada.

Sois amável e doce, e como açucena
belíssima e perfumada. Sem alfítena
vives de bem com o mundo, alegremente!

E no vosso sorriso, de alma fina,
há uma paixão ardente que desatina
As luas de vossa beleza de contente.

setembro 02, 2008

Tempo

26 de Setembro de 2006

Tempo! Tempo! Tempo, se fosse tú amante
dar-me-ei dilação incomensurável e primordial,
um sentimento, no solilóquio, assaz fulgural,
para sentir dos segundos que restam cada instante.

Fora das jornadas a mais fausta, plena e aprazível,
senti, em dias, ameno em dias totalmente extenuado,
contudo construiu-se nos horizontes sonho alado,
que transformou-se numa realidade indiscritível.

Na matina, lembrar-me-ei de sorrisos de histórias,
de tempos onde pensavamos nas batalhas horrendas,
em que nós progrediamos em sapiências notórias,

onde a cooperação era traduzida em ditosas oferendas,
e as pessoas tinham como ideais às fulgentes glórias
Onde eram todos um só, em compaixões tremendas.

setembro 01, 2008

Jóia

Se não a houvesse encontrado,
Não - por sabido - muito pensaria
Procuraria na primeira joalheria
O diamante mais bem cuidado.

Aquele de sutil e delicada beleza,
Cujo ouro que envolve é ofuscado,
Pelo brilho belo - jamais igualado -
Pelo sorrir cintilante de grandeza.

Se não a encontrasse, continuaria
Eu sempre a procurar. Fosse onde!
Nos lagos azuis, na longa calmaria,

No castelo triste do triste maconde
Onde a pedra mais linda nunca igualaria,
A beleza que em teu sorriso se esconde.

agosto 26, 2008

Mais um João.

Sou tudo, quando há resto,
Uma mente aberta, um mundo,
Um certo alguém, um moribundo,
Um homem e sei que presto.

Quando tudo mais é perdido,
Sou a chama que alivia a dor,
Aquele a quem chamam amor,
A quem chamam de atrevido.

Há quem diga que sou eterno,
Um solstício de verão,
Tão quente como o inferno,

Que queima o negro sertão,
Nas frias noites de inverno...
Mas sou apenas mais um joão.

agosto 19, 2008

Garoto de Aluguel

Oh! Mulher sinuosa e bela,
Eu podiria amar-te, como Rei,
Cavalgando, como calvalguei,
em vosso império de donzela.

Oh! Mulher adorável e triste,
teu corpo consumiu o meu,
Naquele momento que fui teu,
e vos nos meus olhos paixão viste.

Oh! Mulher de suave brancura,
No leito impuro únicos seremos.
Na chama quente o corpo queimaremos

de paixão, de amor, de loucura...
Oh! mulher da vida, da vida minha
Vista-se já é hora de estar sozinha.

Beijos de saudade

Oh! sereno vento que no céu é feito,
e que em meus aposentos me acalma
faça um favor a esta pobre alma
que não descança sobre este leito.

Socorre este homem que vive perdido...
Procure sua amada que vaga na vida
e lhe entregue, onde estiver acolhida,
os versos que há tempo anda esquecido.

Por este vento de pura ingenuidade,
Qual foi confidente de amor, mandei
meus beijos secretos de paixão e lealdade...

Para que guardes, amor, como guardei
os teus lábios molhados de saudade...
Nos beijos de amor que lhe agora enviei.

agosto 18, 2008

Aquele beijo.

Te calas agora, enquanto lhe vejo...
Cala-te, que teus lábios mais me falam,
Quando (como as flores que exalam
seu amor às abelhas) no mais puro desejo.

Cala-te que a união fala em nome teu...
E fala do aroma da paixão na boca vossa
quando me suga sentimento do lábio meu,
forjando, em quente forno, alma nossa.

Cala-te que ouço vosso coração chamar-me!
Cala-te que tua boca me chama todo o desejo,
E corro aos teus lábios, que vão calar-me

E em vão eles falam as juras, que jura o pejo
Falando, em alta voz, enleios a torturar-me:
Doces os lábios que me beijam, e eu não beijo.

Calçada da vida.

Ando pela calçada que transpassa
nua, por toda minha saudade.
E cada passo que nela passa
Passará para a Eternidade!

Como um canto de beija-flor,
perdido no bosque da vida!
Naquele prado, de parda cor
que dava para a rua esquecida.

Atravesso o percurso sorridente
sem medo; Só e alegremente.
A vida para traz vai ficando

na calçada, desenhada e perdida
que é de lembranças preenchida,
que no horizonte se vai guardando.

agosto 06, 2008

Novamente

Vi nos olhos mórbidos da morte
Minha algia, temerária, escondida.
Quando solitária me partia a vida
Esquecida nos esquadros da sorte.

Dei-lha alma minha alva e perdida
Por um renascer lívido e violento...
Esperança, que carente de portento,
Se bem-aventurava quieta e atrevida.

O sol renasceu, após o entardecer...
Quando o escuro céu partia
A destruição se foi e ninguém via

Lagrimas no céu, só um bem-querer,
Uma vontade de liberdade! Uma tardia
Expectativa de o mundo renascer.